03 novembro, 2017

Estou farto de o dizer, Euridisse, só num país de poetas se apaga o fogo com poesia, diz o poema

 Sou a única vitima
do meu incêndio
e não tenho feito outra coisa
que manter a chama acesa
dilu Ente


 Se tivesse uma Palavra
dava-a
dilu Ente

O silêncio das punhetas


A minha cabeça é uma bandeja
que boceja


ou vice-versa


no dia dos meus anos
ofereceram-me numa bandeja
a minha cabeça
como pedido tinha ao pai natal


dilu Ente


 Há quem se feche num sonho e declare independência
mas é o que os pesadelos fazem
dilu Ente



O tempo essa revolução, diz o poema

Ao passear na linha do horizonte
deambulando entre o real e a ficção
encontrei uma visão
ferida de morte


diz que foi atingida por um poema contrafeito


dilu Ente




Em cada palavra
as minhas cinzas
conspiram
dilu Ente



O impossível é possível
assim que este se imola
como significante à falta de oração
a emoção tem línguas de fogo
como asas
dilu Ente
Eu não acompanho o meu carrasco, diz o poema
lugar nenhum
a distância entre duas luas
dilu Ente







Eles, os poetas, não me ouvem
entretidos que estão a domesticar o indizível
dilu Ente